quarta-feira, 2 de junho de 2010

Deficientes tem dificuldades em se locomover


Em uma rua da Cidade Nova VI, o cadeirante Gleison Macedo tenta, em vão, passar com a cadeira por uma lombada. Próximo ao local,um senhor comenta com uma pessoa próxima: “Mas tem mesmo que existir a lombada, senão os carros passam em alta velocidade”. O outro rebate: “Sim, mas precisa ter uma adaptação para eles passarem”. Aos olhos do primeiro é uma simples lombada, colocada ali para diminuir o risco de acidentes. Ao segundo cabe a noção de acessibilidade, não tão comum à grande parte da população.

Gleison sabe bem como a acessibilidade é difícil para quem possui alguma limitação física. Ele diz que até evita sair de casa para não precisar enfrentar algumas dificuldades. “Se chove, por exemplo, eu vou me molhar todo porque não tem como subir na calçada”. Basta um simples teste e logo podemos constatar como é complicado ter acesso a alguns locais. Repare nas calçadas da sua rua. Normalmente cada uma é de um tamanho diferente, de alturas variadas. Para uma pessoa com deficiência esses caminhos são verdadeiros obstáculos.

Mas não são só as calçadas que representam dificuldades para os portadores de deficiência. Inclui-se a isso a falta de rampas, portas estreitas em repartições públicas e escolas, falta de elevadores, poucos ônibus adaptados, falta de semáforos sonoros, etc.

De acordo com Amaury Souza, diretor da Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD), por mais que tenham conquistado avanços, a cidade ainda está longe de ser considerada acessível. “Faltam muitas mudanças para atender as pessoas com deficiência”, diz. Quando fala em avanços, Amaury se refere às leis que existem para apoiar os portadores de necessidades especiais e defender seus direitos.Segundo Waldir Macieira, promotor do Idoso e da Pessoa com Deficiência, uma das ideias para promover a acessibilidade é adotar o “desenho universal” em construções de repartições públicas ou privadas. A partir deste desenho é possível construir um espaço que comporte condições de atendimento e locomoção para pessoas cadeirantes, deficientes visuais, obesos, entre outros.

O promotor destaca que entre as mudanças necessárias estão a construção de rampas, sinalização tátil, programas de computação que possam ser usados por pessoas com deficiência visual e ônibus adaptados. “Essas pessoas precisam de condições para que possam ter autonomia e independência”, afirma. Entre as conquistas, o promotor diz que já existem banheiros para pessoas com estatura reduzida e caixas nos bancos um pouco mais baixos e com sistema tátil. De acordo com Macieira, qualquer pessoa que se sinta desrespeitada pode pedir apoio ao Ministério Público do Pará, através da Promotoria da Pessoa com Deficiência.



DIFICULDADES

Para Gleison, que é presidente do Instituto de Pessoas Deficientes de Ananindeua (IPDA), os relatos de problemas enfrentados pela falta de acessibilidade são comuns no Instituto. “Tem gente que tropeça, cai em buracos, passa horas esperando por ônibus adaptados, que às vezes nem funcionam”, exemplifica.

Como dica para a população ajudar nesta questão, Gleison destaca o cuidado na hora de fazer uma calçada, para que não fique tão alta. “Quando construir lombadas é bom fazer dividida em duas, dando espaço para passar. Jogar entulho na rua também é complicado, pois precisamos desviar. Apesar de existir uma lei, nem sempre dá para exercer o direito de ir e vir”, conta. (Diário do Pará)

Fonte: Diário do Pará


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